Autocontrole é a palavra que faz parte da maioria dos discursos de prosperidade, coaching e qualquer coisa que envolva você mudar ou começar a ter uma possível melhora de vida.

E no senso comum, todo mundo busca esse autocontrole, muitas vezes nem sabendo o que significa de verdade ou se é possível alcançar realmente esse nirvana de não ser afetado por nada.

Mas eu quero apresentar a vocês um ponto de vista diferente sobre esse assunto, na verdade, quero levar vocês a refletirem que nós temos muito menos controle sobre as coisas do que realmente achamos ter e que por mais que achemos ter as rédeas da vida, é bem possível que sejamos um pequeno ponto de ação à deriva em um mar de aleatoriedades.

Você não escolhe onde nasce, não escolhe seu corpo, não escolhe sua saúde e nada disso é surpresa, como já é aceito por todos, mas também, o que é muito pouco levado em consideração pelas pessoas, é o fato de não escolhermos nossa natureza, nossa personalidade ou como nos sentimos e interagimos com o mundo a nossa volta.

Já parou para pensar que você nem escolhe o que gosta ou deixa de gostar, chocolate por exemplo, é esperado que a maioria das pessoas gostem e se você gosta não precisa nem se convencer o porquê disso, pra você o chocolate tem um sabor incrível e te faz se sentir bem.

Mas ao mesmo tempo existem pessoas que não gostam de chocolate, e se colocarmos lado a lado, uma que ama chocolate e outra que odeia e dermos o mesmo chocolate às duas, o resultado continuará o mesmo.

É o mesmo chocolate, com o mesmo sabor, mas duas pessoas diferentes, uma gosta do que sente ao comer, do gosto, da sensação e a outra não, e nenhuma das duas escolheram isso.

Ninguém escolhe gostar ou não gostar de chocolate, como também não escolhe o tipo de música que gosta, a cor, ou filmes, ninguém escolhe as sensações e como o mundo à nossa volta nos afeta.

E mesmo gostos que parecem ser muito sólidos nesse exato momento, com o tempo vão mudando e isso é prova de que grande parte dos que nos molda são as experiências da vida.

Então você gostar de chocolate ou não é resultado de quase um caos de aleatoriedades, desde a formação do cérebro humano ao longo dos milhares de anos que nos faz sentir bem por comer certas coisas, como também, a toda construção cultural, seja ela no núcleo familiar, ao meio social mais amplo.

E principalmente, a idade, ou melhor, o tempo, o tempo e todas as experiências que se é possível adquirir ao longo da vida, que te faz passar por inúmeras mudanças e metamorfoses.

Eu acredito sim no autocontrole, como uma ideia geral, é uma ferramenta de crescimento pessoal e que nos torna melhores para lidar com as ações externas, e conter as reações.

Sim ações, porque mesmo dentro da esfera do autocontrole, não controlamos gostar ou não de algo, mas escolhemos como trazemos isso para o mundo.

Como por exemplo, mesmo não gostando de chocolate, aceitamos um pedaço como uma forma de educação.

Por mais que uma pessoa transpareça completo equilíbrio e autocontrole, ainda será um indivíduo comum, que sente o mundo do seu jeito, vai ser afetado, se entristecer por algo, mas não vai trazer isso para fora de qualquer maneira.

Porque talvez, o autocontrole esteja mais ligado às ações que fazemos no mundo, do que na maneira como o mundo nos afeta.

E como dizem que boa parte do que recebemos são ecos do que transmitimos, se algo te faz triste e você devolve, amor, sabe-se lá o quanto dessa atitude muda o mundo que está em volta de você.